XI - As noites

Noite após noite
apenas posso confiar na sua descida.
Este jogo de amanhãs
no peso das horas
em que procuro uma harmonia.
Sob esta luz contínua
não tenho um reflexo
há dias que não vejo o meu rosto.

A cama marca o calendário
fora de mim, débil raiz
que se alimenta da contagem,
as semanas, a roleta que jogo
com o futuro e as suas representações.

Há dias que não vejo o meu rosto.
Hoje dizem-me que atingi a aplasia.
Terei viciado o jogo? A vida?


XX Dias (Averno 028)